"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Noite Enluarada



Desponta co’ essa sua barriga imensa,
Prenhe das mais longínquas estrelas.
Pousado, em parapeito da janela,
Bacurau a olha com indiferença.

E inicia seu parto por sobre o mar,
Prateando as cristas onduladas
Que a brisa caricia tal namorada
Beijando com carinho o tanto amar.

E o mar na volúpia do lhe querer
Espraia o orgasmo em alva babugem
Sobre os muitos cristais de cor ferrugem
E manso retorna ao seu benquerer.

O silêncio executa a sinfonia
Do êxtase d’ uma madrugada em luar...
E exausta pelo tempo a partejar
Finda, indo se deitar, a cerimônia.

Sonya Azevedo



Créditos
Arte e formatação: by Sony
Tube:  Cláudia Viza


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Dama Fatal


Que ela me chegue em tom de sol maior
Tão doce como um buquê de flores...
Que me faça rever os meus amores,
Que haja eu concluído meu sonho ulterior.

Seja ela leve, um adejar de pluma,
O beijo último de um beija-flor,
O ir-se do sol, um sussurro sem cor,
O belo luar que, ao infindo, se avoluma.

Que me venha co' o ouro das estrelas,
Co' a rapidez do falcão-peregrino
Com a candura que eu tanto atino
Co' o calor do amor que a tudo degela.

Que ela me envolva em suas imensas asas
E, em sonho, ir-me-ei à infinidade,
Adentrar o túnel da eternidade,
Singrando na mudez das ondas rasas.

E, co' um semblante de serenidade,
Possa eu deixar o invólucro dos anos,
Na vida findada por sobre os panos
E seguir, a Dama, com tranquilidade.

® Sonya Azevedo




Créditos
Arte e formatação: by Sony
Tube:Sony, Nikita
Tuto:Edith Spigai




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