"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

sábado, 23 de janeiro de 2016

A noite e o poeta



Tão  longo, tal se fora o último canto
De um cisne triste frente ao seu morrer,
Vai-se apagando a pira no escorrer
Das cores dissolvidas por um pranto.

Quando se for a derradeira brasa,
Voando descuidada sobre o mar,
Falará o silêncio ao  murmurar,
Através das tão quentes ondas rasas.

Vejo o pingado que essa noite traz.
Céu e mar a lutar pelo infinito,
Enquanto um urutau canta bonito
Pelas ramas da mata, o som da paz.

Tudo, tal um milagre, se aquieta.
É a paz que chega pros sonhos cuidar.
Té a lua foi-se cedo a repousar;
Mas, vivo, está, o coração do poeta. 


Sonya Azevedo
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