"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Rosa dos Ventos


Pinto-me com as cores da verdade
Que me chegam dos pontos cardeais.
Quatro pontos, quatro cores cruciais,
Que me dizem da tal criatividade.

Três brancas linhas abaixo do olhar
Diz-me da Verdade e do Seu saber
Ensina-me a ver e a tudo agradecer.
É a cor do Norte.

Única linha a descer ao nariz
Pinto-a de rubro, é guia nos meus caminhos,
É a mi'a fé, faca que me corta os espinhos.
É a cor do Sul.

Raio amarelo no centro da testa
Faz-me em Águia co' energia do Trovão,
Vou-me aos astros trazer a inspiração.
É a cor do Leste.

Abaixo do branco, u'a gota negra.
Cor da noite, do luto, da saudade,
Onde o silêncio desnuda a verdade.
É a cor do Oeste.

Meus cabelos, dou rajadas de azul.
Assim, lembro-me sempre a mi'a origem,
Dos anjos que, a mi'a vida, dirigem.
É a cor da Vida.

Meus pés, de marrom, com mui zelo, os pinto. 
Diz-me do corpo, do barro que é feito,
Do tempo fugaz onde tudo é desfeito.
É a cor da Morte.

Por fim, pinto-me inteiramente de verde.
No fundo de mim, onde olhar não alcança,
Onde hão meus natos sentires, a esperança,
A Natureza Divina que não se perde.
É a cor de Deus.

Sonya Azevedo
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