"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

sábado, 23 de setembro de 2017

Espelhos



Desenho lavado de bordas de rio
São aquarelas de sonhos
Onde o tempo passa 
E, extasiado, para.

O acarneirado brinca 
De fazer caretas 
De assustar peixinhos
Na calmaria espelhada 
Do estuário.

Na virgem transparência do rio
A quietude refletida da paz.
Até a brisa, ondas não faz,
Mas traz sonhos à poesia.

Salpicos de voos rasantes
São letras perdidas,
Soltas penas adejantes
Nas cálidas mãos do poeta.

Lento como a querer
Ter para si instantes derradeiros,
Pranteia o rio todos os seus sais
Salgando para sempre
A imensidão do mar.

(Sonya Azevedo)
My Visitors